
Níveis elevados de três biomarcadores podem indicar alto risco para doenças cardíacas.
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Problemas cardíacos podem ter múltiplas origens (da herança genética ao estilo de vida sedentário), mas um novo estudo aponta que o risco pode ser previsto antes mesmo dos primeiros sintomas.
Pesquisadores apresentaram evidências de que exames de sangue que não costumam ser solicitados nos consultórios podem antecipar, em alguns casos, o diagnóstico de doenças do coração e identificar pessoas sob maior risco de infarto.
➡️Resultados preliminares de um estudo apresentado pela American Heart Association mostraram que uma análise combinada de três biomarcadores sanguíneos pode ajudar a identificar pessoas com maior risco de desenvolver esses problemas.
🩸O QUE SÃO BIOMARCADORES: Os biomarcadores sanguíneos são moléculas biológicas – proteínas, enzimas ou outras substâncias – que podem ser medidas no sangue e dão pistas sobre o funcionamento de partes bem específicas do corpo. Eles servem para monitorar condições de saúde e fazer o diagnóstico precoce de doenças.
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De acordo com os pesquisadores, os três biomarcadores que estão relacionados a um potencial de alto risco para doenças cardíacas são:
Lipoproteína (a) ou Lp(a) – tipo de colesterol amplamente herdado, ou seja, com muita influência genética, que reflete anomalias hereditárias no colesterol e pode causar acúmulo de placas nas artérias;
Colesterol residual – partículas de gordura nocivas no sangue que testes de colesterol convencionais podem não detectar, mas que também obstruem artérias;
Proteína C reativa (hsCRP) – mede a inflamação no corpo. Níveis elevados podem indicar que o organismo está sob estresse e em risco de danos arteriais.
Para a análise, o grupo utilizou dados de saúde do UK Biobank, um dos maiores do mundo, com mais de 300 mil participantes sem doenças cardíacas no início do estudo. Eles acompanharam as taxas de infarto por um período médio de 15 anos.
📈Os resultados mostraram um padrão progressivo muito claro que relacionava os três biomarcadores ao potencial desenvolvimento de problemas cardíacos:
Participantes com três resultados elevados tiveram quase o triplo risco de infarto;
Aqueles com dois resultados elevados tiveram mais que o dobro do risco;
Pacientes com um resultado elevado apresentaram um aumento de cerca de 45% no risco.
Richard Kazibwe, professor da Faculdade de Medicina da Wake Forest University e um dos autores do estudo, explica que a pesquisa sugere que analisar os três biomarcadores em conjunto pode oferecer uma visão mais completa do risco cardiovascular.
“Ao integrar fatores genéticos, metabólicos e inflamatórios, essa abordagem pode ajudar os médicos a identificar precocemente indivíduos de alto risco e orientar estratégias de prevenção personalizadas”, comenta.
Ele ainda comenta que, mesmo que fatores de risco tradicionais, como colesterol e pressão arterial, estejam controlados, esses exames podem ajudar na identificação de uma inflamação oculta, risco genético e anomalias no colesterol.
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Diagnóstico precoce
Uma das principais vantagens da inclusão desse tipo de análise mais detalhada de biomarcadores em exames de rotina é o diagnóstico precoce de problemas cardíacos. Além disso, pode contribuir para que os médicos elaborem estratégias para a prevenção dessas doenças.
Kazibwe afirma que, nesse contexto, alguns grupos podem ser mais beneficiados. Entre eles, pessoas com:
Histórico familiar de doença cardíaca precoce
Diabetes tipo 2
Hipertensão
Obesidade
Níveis inexplicáveis de colesterol ou inflamação
“Indivíduos que já recebem tratamento otimizado, mas continuam apresentando eventos cardiovasculares como infartos ou AVCs, também podem se beneficiar, pois esses biomarcadores ajudam os médicos a decidir se tratamentos adicionais são necessários”, complementa.
Os testes podem ainda revelar riscos ocultos em pessoas que, diante apenas das avaliações padrão, parecem saudáveis, de acordo com Richard Kazibwe.
É possível reverter níveis já altos?
O médico pondera que nem sempre os níveis elevados desses biomarcadores podem ser revertidos, mas o risco cardiovascular total pode ser significativamente reduzido.
Os níveis de Lp(a), por exemplo, são pouco influenciados pela dieta, exercícios ou terapias tradicionais para lipídios. Há somente uma terapia aprovada pelo FDA, Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos, para pacientes com alto risco nesse parâmetro.
Já o colesterol residual e o hsCRP podem ser controlados com alguns medicamentos específicos.
Apesar da dificuldade de reversão do quadro, o especialista não minimiza a importância das mudanças de hábito.
“Mudanças no estilo de vida continuam sendo essenciais para todos os pacientes: atividade física regular, cessação do tabagismo, alimentação equilibrada e manutenção de um peso saudável são a base para reduzir o risco cardiovascular”, reforça.
Próximos passos do estudo
Considerando o potencial para diagnóstico precoce, os pesquisadores indicam que os testes com os biomarcadores poderiam ser incluídos como protocolo na investigação de possíveis problemas cardíacos.
Apesar disso, eles ponderam que o estudo tem limitações e ainda são necessárias mais análises para validação dos resultados.
“Estudos futuros também devem avaliar a custo-efetividade e a integração desses exames nas diretrizes de prática clínica”, comenta o autor.
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