Você costuma acordar meio da noite? Talvez não seja um distúrbio do sono. Mas sim uma herança que pode remeter a tempos pré-históricos. Foi o que descobriu o historiador Roger Ekirch.
Na verdade, o sono de oito horas só foi surgir na época da Revolução Industrial, com a invenção da eletricidade e das longas jornadas de trabalho. Antes disso, o normal era o sono bifásico. Ou seja, separado em dois turnos.
O primeiro começava pelas 9h da noite e ia até umas 11h, quando o pessoal começava a despertar naturalmente — afinal, o despertador ainda não tinha sido inventado.
Aí todo mundo ficava acordado por umas duas horas e voltava para a cama pela 1h da manhã, levantando de vez junto com o sol.
Esse intervalo entre um turno de sono e outro era conhecido como “a vigília”, e era ocupado de formas variadas. Tinha quem levantava para fazer xixi, tomar remédio ou colocar mais lenha na lareira.
“Dormir bem é essencial para a sua saúde!
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Quem usava o tempo para rezar e filosofar. Quem aproveitava para trabalhar, tocar tarefas domésticas ou cuidar dos animais — os mais pobres, claro.
E até quem dava umas escapadinhas para cometer assassinatos por aí. Mas a maioria usava o tempo para socializar — até mesmo sexualmente.
No início, o historiador pensava que o sono bifásico era uma peculiaridade da Idade Média, que foi por onde ele começou os estudos.
Afinal, o hábito estava presente em documentos da época e livros como “Os Contos de Cantuária”, de Geoffrey Chaucer, escrito entre 1387 e 1400 — um dos mais famosos trabalhos de literatura medieval.
Mas depois ele começou a desconfiar que se tratava de uma herança dos nossos ancestrais pré-históricos.
O primeiro registro cronológico que ele encontrou foi na “Odisseia” de Homero, datada do século 8 a.C. Já o último é do século 20, fase técnico-científica da Revolução Industrial.
E o sono bifásico não era exclusividade da Europa. O pesquisador achou evidências do hábito na África, Ásia, Austrália e até mesmo aqui no Brasil.
Em um relato de 1555, um padre francês em viagem pelo Rio de Janeiro conta que os indígenas tupinambá comiam quando tinham apetite e que “à noite, depois do primeiro sono, levantavam para comer e depois voltavam a dormir”.
Ou seja, agora você tem uma desculpa para a próxima vez que alguém te julgar por não cumprir suas oito horas de sono — especialmente se esse alguém for você mesmo.
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