Morre Luiz Perillo, paciente que recebeu transplante de 5 órgãos do mesmo doador
Após quatro anos na fila e uma semana depois de receber cinco órgãos do mesmo doador, o arquiteto Luiz Perillo, de 35 anos, morreu em São Paulo. O caso evidencia os desafios do transplante multivisceral, uma das cirurgias mais complexas da medicina, indicada apenas para pacientes em estado crítico.
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O que é
No transplante multivisceral, os órgãos são retirados em bloco de um único doador e implantados no paciente em uma única cirurgia. No caso de Luiz, o transplante envolveu estômago, intestino, pâncreas, fígado e rim.
Por exigir a compatibilidade de tantos órgãos ao mesmo tempo, os pacientes passam anos na fila de espera. Foi a realidade de Luiz, que aguardou quatro anos até conseguir um doador compatível.
Por que é tão arriscado
É uma cirurgia de altíssimo risco, que pode durar mais de 12 horas e mobilizar dezenas de profissionais. O primeiro transplante multivisceral realizado na rede pública do Brasil, em 2014, no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), envolveu 24 profissionais e demandou 35 bolsas de sangue.
Os riscos vão desde complicações durante a operação até a rejeição dos órgãos e infecções graves no pós-operatório. No caso de Luiz, após o primeiro ciclo do transplante, ele desenvolveu um quadro infeccioso e sofreu uma parada cardíaca.
Além da complexidade técnica, o custo também é um desafio: o procedimento pode custar até dez vezes mais que um transplante convencional.
Luiz Perillo, de 35 anos, precisa receber estômago, pâncreas, fígado, intestino e rim de um mesmo doador
Reprodução/TV TEM
Antes da incorporação
O transplante multivisceral só foi incluído no Sistema Único de Saúde (SUS) em fevereiro de 2025. Antes disso, o orçamento do Ministério da Saúde para transplantes não contemplava esse tipo de cirurgia.
Na prática, isso fazia com que pacientes dependessem de atendimentos vinculados a projetos de pesquisa para ter acesso ao procedimento, o que limitava o número de pessoas beneficiadas e atrasava a expansão da técnica no país.
Segundo dados do Ministério da Saúde, no momento, não há ninguém aguardando por um transplante como esse no país. Em fevereiro, seis pessoas estavam na fila.
Histórico no Brasil
O transplante multivisceral começou a ser feito no país em 2011, na rede privada.
Com a incorporação oficial ao sistema neste ano, pacientes como Luiz puderam finalmente ter acesso à cirurgia dentro da rede pública, com orçamento garantido e estímulo à habilitação de novos centros.
Atualmente, cerca de cinco hospitais estão habilitados a realizar a cirurgia no Brasil, quatro deles pelo SUS, em São Paulo e no Rio Grande do Sul. É o último dado divulgado pelo Ministério da Saúde. Não há informações sobre ampliação das unidades. Em 2024, o país registrou mais de 30 mil transplantes, mas apenas dois foram multiviscerais.
O legado de Luiz
Luiz Perillo se tornou um dos primeiros pacientes a tentar o procedimento pelo SUS após a incorporação. Sua luta durante anos de internações e sua mobilização em defesa da doação de órgãos chamaram a atenção para a urgência do tema.
Apesar do desfecho trágico, sua história expôs os desafios da fila de espera e a necessidade de ampliar os centros especializados para que mais pacientes tenham a chance de enfrentar o procedimento com melhores condições.
Paciente espera por transplante de 5 órgãos de um mesmo doador
Como doar órgãos?
No Brasil, a doação de órgãos depende da decisão da família. Por isso, é importante que, em vida, a pessoa converse com os familiares e esclareça a sua decisão.
Existem duas formas de se declarar doador: pela carteira de identidade e pela autorização eletrônica para doação de órgãos. Esses registros incluem o nome no cadastro de doadores, permitindo que a equipe médica saiba da decisão e converse com a família.
Carteira de identidade
No novo RG, é possível registrar no verso a decisão de doar órgãos após a morte. Basta informar a opção no momento da emissão do documento.
Atenção: quem já declarou ser doador na identidade antiga continua com a informação válida até 2032. Quem não tem essa sinalização no documento antigo e deseja ser doador deve solicitar o novo documento.
Autorização eletrônica para doação de órgãos
Desde abril, também é possível manifestar e formalizar a vontade por meio de um documento oficial digital, reconhecido em cartório.
➡️ O processo é feito pelo site www.aedo.org.br
O interessado preenche o formulário, envia online e confirma os dados em uma chamada de vídeo com o cartório. A declaração é gratuita e tem validade oficial.
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O que é transplante multivisceral e por que ele é considerado o mais arriscado da medicina
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