Um estudo científico, publicado na revista Science Advances, na quarta-feira (15), revelou que a exposição ao chumbo pode ter desempenhado um papel significativo na evolução do cérebro humano. A pesquisa identificou que nossos ancestrais estavam em contato com este metal pesado há pelo menos dois milhões de anos, conforme análises realizadas em fósseis dentários de neandertais e australopitecos.
O cientista Alysson Muotri, um dos autores do estudo, explica que o chumbo sempre esteve presente na história da humanidade, sendo encontrado em diversos elementos do cotidiano, desde tintas e maquiagens até sistemas de distribuição de água, como os utilizados pelos romanos.
Riscos à saúde
De acordo com a pesquisa, não existe quantidade segura de exposição ao chumbo. O metal age diretamente no sistema nervoso e pode causar deficiência intelectual, problemas de fala e comprometer o desenvolvimento cerebral, especialmente em crianças.
O estudo também alerta para os riscos durante a gestação, já que o chumbo pode atravessar a barreira placentária e afetar o desenvolvimento cerebral do feto. Atualmente, uma em cada três crianças ainda está contaminada por chumbo, apesar dos esforços para eliminar o metal de produtos de consumo.
Relação com doenças neurológicas
A pesquisa sugere possíveis conexões entre a exposição ao chumbo e condições do neurodesenvolvimento, como autismo e esquizofrenia. Embora o metal pode não ser a causa direta, os cientistas acreditam que ele pode agravar estas condições.
Apesar dos avanços na regulamentação e controle do uso do chumbo em sociedades modernas, milhões de pessoas ainda permanecem expostas ao metal, especialmente em países com fiscalização menos rigorosa. A conscientização sobre produtos que contêm chumbo e sua eliminação do cotidiano continua sendo uma preocupação de saúde pública.