Em entrevista ao Live CNN, o médico neurocirurgião Orlando Maia explica os efeitos do metanol no organismo. O aumento de casos desse tipo de intoxicação tem gerado preocupação entre especialistas da saúde, especialmente devido aos graves danos que a substância pode causar no cérebro mesmo em pequenas doses.
“Os efeitos iniciais do metanol são semelhantes aos do álcool convencional (etanol). No entanto, a substância age de forma extremamente agressiva, tendo como principais alvos o cérebro e o nervo óptico”, explica Maia.
Maia esclarece que, na maioria dos casos, a intoxicação ocorre por bebidas que contêm uma mistura de metanol e etanol. As duas substâncias competem pelo mesmo sítio de ligação no organismo, sendo metabolizadas pelo fígado. O processo resulta na formação de um composto químico que agride as mitocôndrias, estruturas celulares responsáveis pela produção de energia no organismo.
“As áreas que necessitam de mais energia são as mais afetadas, como a região central do cérebro (gânglios da base) e o nervo óptico. A agressão a esses tecidos pode causar degeneração e morte celular, resultando em edema e, consequentemente, em perda visual, que muitas vezes é irreversível”, ressalta o neurocirurgião.
O tempo para o desenvolvimento dos danos varia conforme a proporção da mistura entre metanol e etanol ingerida, não sendo possível estabelecer um período exato para o início das lesões graves. Por isso, o atendimento médico imediato é fundamental para tentar minimizar as sequelas da intoxicação.