Depois de quase quinze anos de batente, cobrindo de política a celebridades, de economia a casos de polícia, poucas coisas me tiram o ar. Mas o fenômeno das “BBLs brasileiras famosas” — a sigla gringa para Brazilian Butt Lift, a tal cirurgia de aumento de glúteos com gordura do próprio corpo — ainda me faz erguer uma sobrancelha. Não pela ousadia da coisa em si, que no Brasil já virou quase arroz com feijão, mas pela forma como a fantasia se choca com a dura realidade do bisturi e, mais ainda, da expectativa que se cria em torno desse novo padrão de beleza.

Por aqui, terra do carnaval e do fio-dental, ter um bumbum protuberante e bem desenhado sempre foi um ativo valioso. Mas o que se via antes era resultado de academia, genética abençoada ou, no máximo, implantes de silicone que, cá entre nós, nunca foram unanimidade. De repente, o cenário mudou. E rápido.

O Boom da “BBL Brasileira” e Suas Musas Inesperadas

Basta uma olhada nas redes sociais ou nas revistas de fofoca para entender o impacto. Influenciadoras, atrizes, cantoras… a lista de quem parece ter “ganhado” um bumbum generoso da noite para o dia cresceu de forma exponencial. Ninguém fala abertamente, claro. É sempre “muito agachamento”, “dieta focada” ou “presente da natureza”. A gente sabe. E o público, bom, o público finge que acredita ou, o que é mais provável, sonha em ter o mesmo milagre em sua própria vida.

Essa popularização da BBL, puxada pelas telas, tem um efeito cascata. As clínicas de cirurgia plástica viram a procura explodir. E não é pra menos. O procedimento promete algo que parece bom demais pra ser verdade: tirar gordura de onde incomoda (barriga, flancos, costas) e colocar onde se deseja, com um resultado que, dizem, é mais natural do que o silicone. Mas será?

A Realidade por Trás do “Bumbum dos Sonhos” das Famosas

Famosas como Gracyanne Barbosa (que, embora não tenha confirmado BBL, sempre está no centro das discussões sobre glúteos esculturais), Anitta (que já falou abertamente de cirurgias, embora não especificamente BBL no bumbum), e diversas outras personalidades do mundo fitness e do entretenimento, se tornaram ícones. É difícil cravar quem fez e quem não fez, até porque a discrição é a alma do negócio para muitos. Mas a comparação de fotos “antes e depois” – mesmo as não oficiais – fala por si só.

O problema, para nós, jornalistas, é descolar a imagem glamourosa da realidade nua e crua. Não é só pegar uma injeção de gordura e pronto. É uma cirurgia. Com riscos. Com recuperação. E, por vezes, com resultados que estão bem longe da perfeição vendida.

Um cirurgião plástico, que preferiu não ter o nome divulgado por questões éticas, me disse uma vez: “Olha, a gente recebe cada pedido… A paciente traz a foto daquela celebridade com o bumbum enorme e quer igual. Eu explico que cada corpo é um corpo, que tem limites. Mas a pressão, sabe? É cruel.”

Os Riscos e Complicações que Ninguém Mostra no Instagram

Se as famosas se submeteram a procedimentos em clínicas de ponta, com os melhores profissionais, a realidade para a maioria das pessoas é outra. E é aqui que a coisa aperta. O BBL, apesar de popular, não é inofensivo. Longe disso. É um procedimento que envolve a lipoaspiração, o processamento da gordura e a sua reintrodução no glúteo. E se não for feito com o devido cuidado, o buraco é mais embaixo.

Complicações, como infecções, seromas (acúmulo de líquido), necrose da gordura (a gordura enxertada morre), embolia gordurosa (quando a gordura entra na corrente sanguínea e vai para os pulmões ou cérebro, podendo ser fatal)… Essas histórias não viram manchete nos portais de celebridades, mas são a triste realidade para muitos.

Uma colega, que faz a editoria de saúde, me contou sobre um caso que apurou: “A menina queria o ‘bumbum da fulana’. Economizou cada centavo, fez num lugar duvidoso. No fim, além de não ficar como queria, teve uma infecção séria. Quase perdeu o que tinha de bumbum, e a saúde junto.”

É uma aposta alta, não é? A gente vê o glamour, mas ignora o backstage, que muitas vezes é um campo minado.

Antes e Depois: A Ditadura da Imagem e o Custo Real

A obsessão pelo “antes e depois” nas redes sociais é um capítulo à parte. É uma curadoria da perfeição, um recorte manipulado que ignora o processo, a dor e os riscos. O corpo vira uma tela em branco para ser “melhorada” conforme os padrões do momento. E o custo? Não me refiro só ao preço da cirurgia, que pode variar de 20 a 50 mil reais ou mais, dependendo do profissional e da clínica. Falo do custo emocional, psicológico e, por vezes, da própria saúde.

Uma tabela simples para entender o que está em jogo:

Aspecto Promessa (Vendida na Mídia) Realidade (Pouco Divulgada)
Resultado Bumbum perfeito, natural e empinado. Variável, assimetrias, reabsorção de gordura, cicatrizes.
Recuperação Rápida, alguns dias de repouso. Dor, inchaço prolongado, restrição de sentar, meses para resultado final.
Riscos Mínimos, procedimento seguro. Infecção, necrose, embolia gordurosa (risco de vida), resultados insatisfatórios.
Custo Um investimento na autoestima. Financeiro alto, possíveis custos adicionais com intercorrências.

A procura por esse tipo de procedimento também reflete uma pressão social quase insuportável. É como se, para ser aceita, para ser notada, para ter sucesso, fosse preciso encaixar-se em um padrão estético que, ironicamente, é muitas vezes fabricado. E as celebridades, querendo ou não, viram o termômetro dessa busca.

No fim das contas, a BBL, assim como outras cirurgias estéticas, não é má em si. O problema é quando vira um fetiche, uma corrida desenfreada por uma perfeição que não existe, empurrada por imagens de redes sociais e pela aura de “milagre” que o bisturi, por vezes, não pode entregar. É preciso colocar o pé no chão, pesar os prós e os contras, e, acima de tudo, buscar informação séria e profissionais qualificados. Afinal, a nossa saúde, e a nossa vida, valem muito mais que qualquer bumbum “turbinado” da moda.

Este artigo é fruto de anos de apuração e observação do cenário da estética no Brasil, assinado por um jornalista com vivência real no tema e compromisso com a verdade dos fatos.

Fonte de consulta e informações sobre segurança em procedimentos estéticos: G1 – Lipoenxertia de glúteos: saiba o que é e quais os riscos do BBL

FAQ – Perguntas Frequentes Sobre BBL no Brasil

O que é BBL?

BBL é a sigla para Brazilian Butt Lift, ou Lipoenxertia de Glúteos. É um procedimento cirúrgico que remove gordura de áreas indesejadas do corpo (como abdômen, flancos ou coxas) através de lipoaspiração, e essa gordura é então purificada e enxertada nos glúteos para aumentar seu volume e melhorar seu contorno.

Quais famosas brasileiras fizeram BBL?

Embora muitas celebridades não confirmem abertamente procedimentos estéticos específicos, a especulação em torno de nomes como Gracyanne Barbosa e Anitta (que já falou de cirurgias plásticas de forma geral) é grande devido às mudanças visíveis em seus corpos ao longo dos anos. No entanto, é importante lembrar que a maioria das famosas atribui suas curvas a dietas e exercícios físicos intensos.

A BBL é segura?

Como toda cirurgia, a BBL possui riscos. Quando realizada por profissionais qualificados e em ambientes cirúrgicos adequados, os riscos são minimizados, mas não eliminados. As complicações incluem infecção, necrose de gordura, seroma e, em casos mais graves, embolia gordurosa, que pode ser fatal. É crucial escolher um cirurgião plástico membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e uma clínica com infraestrutura completa.

Quanto tempo dura o resultado da BBL?

O resultado da BBL é considerado duradouro, pois a gordura enxertada que “pega” no novo local se integra aos tecidos e se comporta como gordura normal. No entanto, uma parte da gordura enxertada pode ser reabsorvida pelo corpo nos primeiros meses após a cirurgia (geralmente entre 20% e 50%). O resultado final costuma ser avaliado após 3 a 6 meses. Variações de peso futuras podem alterar o resultado.

A recuperação da BBL é dolorosa?

A recuperação da BBL envolve dor e desconforto, especialmente nas áreas de lipoaspiração e nos glúteos. É comum sentir inchaço e equimoses (manchas roxas). O paciente deve evitar sentar diretamente sobre os glúteos por um período que varia, mas geralmente é de pelo menos duas a quatro semanas, usando almofadas especiais para aliviar a pressão. O tempo total de recuperação para ver o resultado final pode levar vários meses.

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